Existem várias versões para a criação da organização. A mais confiável remete à Idade Média, quando o controle do comércio era feito pelas guildas, corporações de ofício que reuniam artesões do mesmo ramo e funcionavam como um antepassado dos sindicatos. Um dos grupos mais poderosos era o dos pedreiros (em inglês, masons). Responsáveis pela engenharia e pela construção de castelos e catedrais, eles tinham acesso aos reis e ao clero e circulavam livremente entre os feudos. Para se identificarem em locais públicos e evitarem o vazamento de suas conversas, criaram um sistema de gestos e códigos. Durante o Renascimento, pedreiros livres ficaram na moda. Intelectuais e membros da nobreza passaram a fazer parte do grupo e por influência destes os debates passaram a abranger religião e filosofia. Em 24 de junho de 1717, numa reunião das quatros maiores lojas de Londres, na taverna The Goose and Gridiron nasceu a federação, a Grande Loja de Londres. Era o início oficial da maçonaria.
Por que a maçonaria "incomoda" tanto?
O desconhecido gera medo e desconfiança. Além do sigilo caracteristico dos marçons, as atitudes deles sempre à frente de seu tempo. Setenta anos antes da Revolução Francesa, esses homens cultos e influentes já defendiam a liberdade, fraternidade e a igualdade. Tratavam-se sem distinção e aceitavam todos os credos religiosos, uma atitude tremendamente avançada para a época. Os ateus, porém, eram barrados.
" A maçonaria não é religião, não tem dogmas. É um grupo que defende a liberdade de consciência e o progresso" Françoise Jean de Oliveira - co-autora do livro O Poder da Maçonaria.
A maçonaria no Brasil
A fraternidade existia em nosso país desde o início de século XIX e contava com confrades de altos cargos da colônia. Entre os maçons decisivos para a separação de Portugal estava José Bonifácio de Andrada e Silva (1763 - 1838). Em 02 de agosto de 1822, o próprio D. Pedro I entrou para a entidade, sob o codinome Pedro Guatimozim, uma homenagem ao último rei asteca. Apenas três dias depois de iniciado, ele já tinha sido alçado a mestre do país. Passado apenas 17 dias da promoção, Pedro, o Imperador, abandonou a fraternidade e proibiu suas atividades no Brasil. A melhor explicação para esta atitude é a insatisfação do monarca com uma entidade onde a hierarquia era submetida a regras e podia ser questionada. Após a renúncia de D. Pedro e seu retorno a Portugal, a maçonaria se multiplicou. Em 1861, a ordem se mobilizou em apoio ao movimento abolicionista. No Ceará, lojas se reuniram para comprar e libertar escravos. Eusébio de Queiroz (1819 - 1880), abolicionista e chefe de Gabinete Ministerial entre 1871 e 1875, foi grão mestre. Quando a Lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel (1846 - 1921), em 1888, o presidente do Conselho de Ministros era o grão-mestre João Alfredo Correa de Oliveira (1835 - 1919).
Símbolos da Maçonaria
COMPASSO - Representa a racionalidade cientifica. Por desenhar circulos perfeitos, também simboliza a busca pela perfeição moral.
ESQUADRO - Instrumento que lembra a capacidade transformadora do homem sobre a natureza. Seu ângulo reto é uma indicação para os homens de que eles devem ser honestos.
LETRA G - Vem de God, "Deus" em inglês. Os integrantes da fraternidade também o chamam de GAU, sigla para "Grande Arquiteto do Universo".
OLHO - Geralmente representado dentro de um triângulo, tem o mesmo significado da letra G. É Deus, que tudo vê.
TRIÂNGULO - Refere-se ao lema "liberdade, igualdade e fraternidade", as virtudes "fé, esperança e caridade" e a "nascimento, vida e morte". Por isso, os maçons também fazem três pontos em suas assinaturas.
MARTELO - Pequeno, simboliza o trabalho dos pedreiros que inspiraram a fraternidade, e também a força material que muda o mundo. É usado pelo grão-mestre.
SOL/LUA - Como o chão de mosaico preto e branco, usado nas lojas, simboliza a dualidade entre o bem e o mal, esírito e corpo, luz e trevas.
* Fonte: Aventuas na História - mês de novembro/2008.